1001 dicas de sexo para enlouquecer um homem na cama (de tanto rir)
Por Alexandre Inagaki ≈ sexta-feira, 07 de março de 2008
Costumo dizer que você só conhece verdadeiramente uma pessoa entre quatro paredes. Afinal de contas, é só na intimidade que ela se despirá, não apenas das roupas como também das convenções sociais que impedem que a sua até então circunspecta colega da firma jogue você no chão feito um saco de batatas, pedindo para que você a penetre como se fosse um vibrador tailandês duplo de cinco velocidades. Descontando-se a sutileza paquidérmica da comparação, creio que não há nenhum problema em se fazer isso, desde que ninguém lhe peça pra fazer golden shower ou pegar um espanador a fim de se fantasiar de galo. Mas as coisas começam a ficar estranhas quando sua parceira coloca um Toblerone na vagina e pede pra que você faça uma degustação, não?
Pois bem, essa “dica” do recheio de chocolate é só uma dentre tantas bizarrices que encontrei no site 1001 Idéias de Sexo, da revista Nova. É de se ficar pensando: será que as leitoras da Nova que resolvem pôr em prática dicas esdrúxulas como essas perderam seu bom senso no mesmo lugar em que a Britney Spears guarda suas pílulas anticoncepcionais? Como bem afirmou meu amigo Cafa, que bloga no Manual do Cafajeste Para Mulheres, uma matéria como essa deveria se chamar “Como Perder um Homem em Algumas Noites”. Fico imaginando, por exemplo, um casal que vai pela primeira vez a um motel. A mulher, a fim de impressionar o cara, resolve seguir a dica “descolada” da revista, e faz como a leitora Marlene, que enviou a seguinte idéia: “Ele me penetrou por trás, fiz xixi e o cara ficou maluco, tão maluco que a gente reatou o namoro e agora sempre sou convidada a repetir essa prática”. É, eu também ficaria doido se minha parceira resolvesse se inspirar nessa sugestão abilolada. A ponto de pensar: “é, devia estar maluco quando resolvi sair com essa mulher”.
E olhem que essa nem é a mais esdrúxula das dicas da Nova. Vide a idéia de uma certa Vitória, que relatou: “Convidei meu gato, que é pizzaiolo, para comer uma pizza personalizada: ele me encontrou nua, salpicada de orégano, com rodelas de tomate nos seios e azeitonas sobre os pêlos pubianos”. Vá lá, ainda havia um certo contexto, mas eu provavelmente perguntaria onde é que ela guardava a lata de azeite. Já a Rosa, da Bahia, escreveu: “Fazer um enroladinho de queijo e presunto no pênis é ótimo para ele e saboroso para mim”. Vai um Engov antes e outro depois? Mas o Oscar de excentricidades foi para a Paula, de São Paulo: “Enchi a banheira, joguei 20 pacotes de gelatina, completei com água fria e esperei quatro horas, até solidificar. Quando ele chegou em casa, o convidei para fazer amor ali dentro. Foi demais!”. Ok, até reconheço o esforço da guria, porém…
Mas tem coisas mais bizarras ainda, vide o relato da Renata, de Sergipe: “Coloquei um besouro para passear no meu corpo nu. Ele ficou arrepiado de tesão”. Eu, particularmente, não gostaria de transformar minhas transas em cenas de filmes do David Lynch. A Bianca, de Goiás, afirma: “Quer um conselho de amiga? Experimente fazer amor em uma escada. É ma-ra-vi-lho-so”. O médico que cuida de sua coluna também deve achar isso altamente afrodisíaco. E eu prefiro pegar um elevador. ;) Já a Karen, de Tocantins, escreve: “Meu namorado me deu um urso de pelúcia enorme. Coloco um pênis de borracha no ursão e transo com ele na frente da minha platéia particular”. Zoofilia de pelúcia? Eu definitivamente morro, reencarno várias vezes e ainda assim não vejo tudo.
Catarina, do Ceará, precisa tomar cuidado com parceiros CDFs: “Escrevi uma equação de segundo grau em meu corpo e pedi a ele para resolvê-la”. Lilia, de São Paulo, tem um parceiro pra lá de sui generis: “Vi no cinema uma cena em que a atriz enfiava um lenço no ânus do amante e, quando ele estava quase chegando ao orgasmo, puxava devagarinho… Imitei e ele adorou!”. Pati, de São Paulo, tem bala na agulha: “Deixei na cama dele uma passagem para o Rio e uma reserva no hotel Copacabana Palace. Esperei na suíte de lingerie, com uma garrafa de Veuve Clicquot”. Serve noite de luxúrias no drive-in Pindaíba’s com garrafa de Sidra Sereser Pêssego e Reginaldo Rossi tocando na rádio AM de uma Variant 76?
Um dia preciso escrever umas “dicas de sexo para enlouquecer uma mulher” inventando relatos desse naipe. Teria coisas como esta: “Tirei minha cueca enquanto estávamos em um restaurante, e a entreguei por debaixo da mesa para a minha parceira. Ela quase desmaiou de tanta excitação”. Ou isso: “Depilei meus pêlos púbicos com o formato de uma seta apontando para meu rígido pênis. Nem precisei empurrar a cabeça dela pra baixo pra ganhar um bola-gato naquela noite”. E isso: “Besuntei meu corpo inteiro com pasta de amendoim e fui totalmente lambido por minha parceira. Infelizmente ela entrou em coma diabético e passou quase um mês na UTI, mas quando saiu do hospital me confidenciou que quase morreu de tanto prazer”.
Piadas prontas à parte, é lógico que matérias desse tipo têm o seu valor, por enfatizarem que é importante não permitir que relacionamentos caiam na mesmice do dia-a-dia. Porém, bom senso é algo quase tão importante quanto munir-se de camisinhas. Levar todas essas idéias à risca é incorrer no risco de fazer o seu parceiro gozar bastante, mas não exatamente de prazer…
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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