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10 parcerias musicais surpreendentes (ou: Bizarro feat. Inusitado)

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 16 de julho de 2013

Certas parcerias musicais aparentam combinar tão bem quanto batata frita com maionese, bebidas alcoólicas com direção ou fotos de gatos mortos com Facebook. Às vezes essas combinações, surpreendentemente, se encaixam bem, feito peças de Lego. Em outras ocasiões, são perfeitamente descritas por aquela frase clássica do Barão de Itararé: “De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo.” A seguir, eis uma lista de 10 parcerias musicais que foram tão inesperadas quanto renúncia de Papa ou proposta de diminuição de ministérios feita pelo PMDB.

* * *

10. Sylvester Stallone e Dolly Parton - “Sweet Lovin’ Friends”.

Muitos atores, como Bruce Willys e Scarlett Johansson, já se aventuraram no mundo da música lançando álbuns com resultados pífios. Este foi também o caso de Stallone, que como cantor provou ser um bom intérprete de Rambo. Seu dueto com a rainha do country Dolly Parton, que faz parte da trilha sonora do filme Rhinestone - Um Brilho na Noite, resultou em um álbum que é um excelente recomendação de presente de inimigo secreto. O filme não ficou muito atrás. Rhinestone ganhou dois prêmios Framboesa de Ouro em 1984: Pior Ator (para o eterno Rocky Balboa) e Pior Canção Original (uma aberração intitulada “Drinkenstein”, que você pode conferir clicando aqui, caso sofra de curiosidade mórbida).

9. Ultraje a Rigor e Tonico & Tinoco - “Vamos Virar Japonês”.

Tonico & Tinoco, mestres da música sertaneja de raiz (dos bons tempos em que ainda não tinham inventado a praga do sertanejo universitário), juntaram-se à banda liderada por Roger Moreira na gravação da única canção inédita de O Mundo Encantado do Ultraje a Rigor, coletânea de sucessos lançada em 1992. Foi uma mistura entre rock e música sertaneja que precedeu em 16 anos ao show que reuniu Chitãozinho & Xororó e Fresno no programa Estúdio Coca-Cola, da MTV, especializado em promover encontros musicais inusitados de nomes como Banda Calypso e Paralamas do Sucesso, ou CPM 22 e Babado Novo.

8. Duran Duran e Milton Nascimento - “Breath After Breath”.

Destaquei neste post a parceria sui generis entre a banda inglesa que se destacou com seus videoclipes nos anos 80 e o grande cantor do Clube da Esquina, que faz parte do álbum que o Duran Duran lançou em 1993. Mas o fato é que Milton Nascimento poderia ser igualmente lembrado por suas colaborações surpreendentes com o Angra (em “Late Redemption”) e com o RPM, com quem compôs e gravou duas músicas: “Feito Nós” e “Homo Sapiens”.

7. Nick Cave and the Bad Seeds e Kylie Minogue - “Where the Wild Roses Grow”.

Quem diria que a cantora pop australiana, conhecida por hits chicletudos como “The Loco-Motion” e “I Should Be So Lucky”, um dia faria uma colaboração com Nick Cave, o lúgubre compositor de músicas como “The Mercy Seat” (sobre um homem condenado à morte e prestes a ser executado numa cadeira elétrica)? Pois bem: Nick convidou Kylie para um dueto em uma canção soturna sobre uma mulher assassinada com uma pedrada às margens de um rio, gravada em um álbum apropriadamente intitulado Murder Ballads, de 1996. E não é que o resultado ficou ótimo, a ponto da música ter sido considerada uma das 100 melhores músicas dos anos 90 segundo a New Musical Express?

6. Tony Bennett e Lady Gaga - “The Lady Is a Tramp”.

Álbuns de duetos, formados por um intérprete consagrado mais dezenas de convidados especiais, são uma fórmula clássica e mais do que estabelecida na indústria fonográfica. E se tornaram mais populares ainda depois que Frank Sinatra lançou seu bem-sucedido Duets em 1993, em gravações ao lado de nomes tão ecléticos quanto Aretha Franklin, Julio Iglesias e Bono Vox. Tony Bennett, ao seguir a mesma fórmula, conseguiu fazer uma mistureba mais diversificada ainda em suas listas de convidados para os álbuns Duets: An American Classic (2006) e Duets II (2011), reunindo cantores como Andrea Bocelli, Juanes, Amy Winehouse e Celine Dion. Mas creio que o ápice, em termos de colaborações inusitadas, é o seu dueto com Lady Gaga, conhecida tanto pelos seus hits pop quanto por seus figurinos abilolados.

5. Michael Jackson e Eddie Murphy - “What’s Up WIth You?”.

As palavras que dediquei a Sylvester Stallone no começo deste post podem ser perfeitamente aplicadas ao resultado esdrúxulo da combinação entre Michael Jackson e o ator de O Professor Aloprado. Você pode até dar play no vídeo com eles, mas não creio que aguentará suportar mais do que 1 minuto com esse dueto tão feliz quanto barulho de giz riscado numa lousa.

4. Lou Reed e Metallica - “The View”.

Ok, é saudável ver artistas saindo de sua zona de conforto e arriscando-se em projetos diferentes. Mas a parceria entre o ex-vocalista do Velvet Underground e a mais do que consagrada banda de heavy metal não deu muita liga. Em entrevista dada ao USA Today sobre Lulu, o álbum de 2011 gravado por Reed e Metallica, o cantor falou da reação pouco calorosa dada pelos fãs do grupo: “Eles estão ameaçando atirar em mim. Nem sequer ouviram o álbum, mas já estão recomendando várias formas de tortura e morte.” Hitler foi outro que se manifestou no YouTube sobre essa parceria…

3. Sepultura e Carlinhos Brown - “Ratamahatta”.

Houve uma época em que o Sepultura foi a grande referência musical do Brasil para os estrangeiros, obtendo sucesso de crítica, reunindo multidões em shows e vendendo milhões de cópias de álbuns como Arise (1991) e Chaos A.D. (1993) por todo o mundo. Em 1996, lançaram Roots, radicalizando a mistura de thrash metal com sonoridades brasileiras do álbum anterior. O ápice desse amálgama foi a gravação de uma faixa com Carlinhos Brown, o cara da Timbalada. Pena que, pouco depois, uma briga homérica entre os integrantes do grupo acabou resultando na saída de Max Cavalera, seu vocalista. O Sepultura nunca mais foi o mesmo, e esse episódio foi uma das inspirações para um artigo do site ZeroZen intitulado “A Maldição de Carlinhos Brown”, chamando o criador das caxirolas de tremendo pé-frio.

2. Maná e Thiaguinho - “Lábios Divididos”.

Outra estratégia marqueteira largamente usada pelas gravadoras é reunir um astro latino com outro brasileiro, a fim de que um cantor do Brasil consiga ser melhor aceito pelo mercado latino-americano, e vice-versa. E foi assim que surgiram parcerias formadas por nomes como Juanes e Paula Fernandes, Sandy & Júnior e Enrique Iglesias, Alejandro Sanz e Ivete Sangalo e Zezé Di Camargo & Luciano e Julio Iglesias, com resultados bastante duvidosos. Para mim, porém, o ápice dessas gororobas artísticas chegou ao seu apogeu com a reunião entre os mexicanos do Maná, banda com mais de 25 anos de estrada, e Thiaguinho, ex-vocalista do grupo de pagode Exaltasamba. Acho louváveis as tentativas de se quebrar o Tratado de Tordesilhas musical que faz com que o Brasil ouça tão poucas bandas que cantem em espanhol, mas desse jeito fica complicado…

1. U2 e Luciano Pavarotti - “Miss Sarajevo”.

Seria possível uma colaboração bem-sucedida entre uma banda de rock e um cantor de ópera? Havia um bom precedente: Barcelona (1988), álbum que Freddie Mercury, em carreira solo, gravou com a cantora lírica Montserrat Caballé. Trata-se, porém, de um disco semioperístico, sem uma guitarra sequer. O caso de “Miss Sarajevo” é diferente: aqui temos Bono, The Edge, Adam Clayton, Larry Mullen Jr. e Brian Eno - produtor de Original Soundtracks 1, álbum de 1995 que o U2 gravou com o pseudônimo de Passengers -, tocando uma balada roqueira com os backing vocals de luxo do tenor. A canção foi inspirada em um concurso de beleza, realizado em meio à guerra que assolava a Bósnia nos anos 90, criado com o objetivo de chamar a atenção das autoridades européias para as atrocidades que estavam sendo cometidas em Sarajevo, capital bósnia. O final do videoclipe exibe uma cena do documentário Miss Sarajevo, dirigido por Bill Carter, em que as mulheres que participaram do concurso seguram uma faixa com a mensagem “Não deixem que eles nos matem.” A colaboração de Luciano Pavarotti com o U2 resultou em uma das melhores músicas da banda, mas vale a pena ouvir também a versão ao vivo de “Miss Sarajevo” em que Bono canta, de forma mesmerizante, os trechos do tenor italiano.

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

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Comentários do Blog

  • Jefferson Alves Pereira

    Eu estou ficando louco ou houve mesmo uma música gravada por Kim Basinger e Ozzy Osborne, nos anos 90?
    Se não me engano se chamava “Shake Your Head”.
    Não consigo pensar numa parceria mais bizarra do que essa.

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  • bylaardt

    Minha combinação preferida não está aí:
    Freddie Mercury e Monserrat Caballe.

  • Magskull

    Faltou Sepultura fet Pavarotti (fake) - http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=UwWvX6Tgs9A

    Hehe

  • Vivi

    Essa combinação entre Nick Cave e Kylie é muito interessante, mas sou suspeita para falar. Logo que foi lançado o álbum Murder Ballads, ainda nos primórdios da internet brasileira praticamente, encomendei via Amazon a fita K7. Muitos anos depois comprei o CD, que é um dos que mais gosto do Nick Cave, apesar de ser bastante mórbido.

    Miss Sarajevo com Bono e Pavarotti é ótima, linda, me emociono ouvindo, tanto quanto Frank e Bono cantando I’ve Got You Under my Skin e Freddie Mercury com Montserrat.

    De novo, acho que também sou suspeita pra falar do gosto por essas combinações, afinal, eu adoro um CD que comprei em 1998 em Portugal chamado The Rhapsody Overture: Hip-Hop meets Classic, onde rappers famosos cantam músicas clássicas e os refrões são cantados conforme a música original, no idioma original, por sopranos, tenores e afins.

    Tem músicas lindas, outras divertidas, todas inusitadas ao extremo, mas no geral foram boas misturas. Recomendo se achar pela internet ou pelo Youtube. Uma delas sei que tem, e é a que ficou menos “clássica” - Prince Igor (de Borodin, das Polovtsian Dances), com Warren G. e a cantora de ópera Sissel Kirkjebo. Nessum Dorma ficou interessante também neste casamento.

    Há por aí também um outro dueto muito interessante, meio inusitado, entre Tori Amos e Depeche Mode cantando Enjoy the Silence.

    As demais combinações do post já estão devidamente guardadas aqui para checar mais tarde, grata pelos vídeos.:)

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Olá Vivi, obrigado pelo seu comentário e pelas ótimas dicas! Acabei de ver alguns vídeos da Sissel, que eu ainda não conhecia, e adorei. Em tempo: “Enjoy the Silence” é uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos. E é tão boa que continua bacana na maior parte dos covers que fazem dela: recomendo em especial as regravações feitas pelo Failure - http://www.youtube.com/watch?v=1zN-DL8o1TQ - e Nada Surf - http://www.youtube.com/watch?v=ijiCZAN2ntY. Um abraço!

  • Normando

    cantor do clube da esquina? Vê-se que você não entende porra alguma de música.

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Está de mal com a vida, caro Normando? Ou você é apenas um ignorante que desconhece a participação do Milton Nascimento nos álbuns “Clube da Esquina” e “Clube da Esquina 2″? De qualquer modo, desejo melhoras a você: tanto na educação quanto no seu conhecimento musical.

      • Luciana Veronese

        Tem como dar uns 20 likes ao mesmo tempo pra sua resposta, Alexandre? rs

        • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

          Luciana e Renam, às vezes manter um blog é um bom exercício de tolerância e de paciência. :P

      • Renam

        Concordo Luciana!! Foi mais que merecida a resposta…
        Parabéns Alexandre, pela “educação” fornecida e pela compostura.

      • Amadeu Krisper

        Nem esquente Alexandre.As vezes penso…maldita inclusão digital né?Mas parabéns pelo seu post e apenas ignore comentários vindo de pessoas sem cultura como o colega aí.Grande abraço!

    • Luís

      O que Normando? Vc tá querendo dizer que esse cara só tem pose de ser inteligente?

      Pois vc acertou. É só isso que ele tem. A pose. Mais nada.

  • Ary Aires

    Eu, como fã da GaGa, achei mais surpreendente que bizarro o duet dela com o Bennett

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Você tem razão, Ary. E adjetivei o dueto dela como “inusitado”.

      • Ary Aires

        :)

    • Amadeu Krisper

      Tb fiquei de boca aberta Ary com esse dueto da Gaga.

  • Stella Cavalcanti

    Robby Rosa e Lulu Santos cantam uma música sobre a Nova República. é. tá no primeiro disco solo do Robby em português. Aqui está a prova: http://www.youtube.com/watch?v=cUbvmVOnSvY
    “Meu passado me condena” pros dois lados, né? :D

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Dica sensacional, Stella! Direto do túnel do tempo, como diria o Miguel Falabella. :)

  • Zzaum

    Pra esse post valia ainda menção a Negra Li & Akon e I. Sangalo & Brian McKnight também!

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Ôpa, obrigado por ter compartilhado sua observação aqui, José!

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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