1 semana de Adele
Por Nathali Lima ≈ sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Um relato #EPICWIN de Nathali Lima, minha privilegiada amiga que se tornou a pessoa que mais invejo do mundo. Vocês saberão o porquê no fim do seu relato. :)
* * *
Por onde começo?
Ok, antes de qualquer coisa, peço desculpas por minha digressão e eventual prolixia. Acontece às vezes, principalmente quando me empolgo, algo que, dado o assunto, não duvido acontecer rápido.
Há tempos admiro a nova geração de cantoras inglesas. Com personalidades marcantes, têm, além da voz e criatividade, um personagem de si mesmas nas mãos. Adoro a Joss Stone, acho que a Amy Winehouse foi um marco na história da música e me divirto com a Kate Nash. Mas Adele tem uma inegável vantagem dentre as demais. A capacidade de manipular emoções humanas com uma intensidade que, como amante da música pouquíssimas vezes vi, inclusive não lembro da última vez.
A primeira música da Adele que ouvi foi “Best for Last”, num show em Oxford uns 3 ou 4 anos atrás. Ela e um “baixolão”. Foi amor à primeira ouvida.
A honestidade com que ela entregava cada palavra tornava completamente impossível tirar os olhos daquela menina de dente torto que estava há anos-luz do glamour vintage que vemos hoje.
Naquela época, o MySpace ainda era descolado e uma das formas mais eficazes de conhecer novos talentos musicais, então acabou sendo o caminho natural das coisas. No MySpace/AdeleLondon encontrei “Hometown Glory”, que, por mais que a gente saiba que é sobre Londres, me lembra muito São Paulo, um dos meus grandes amores - disse a menina que vive em Los Angeles, além do blog, onde ela dividia a incrível visão de alguém que estava descobrindo o tamanho do mundo e se surpreendendo a cada passo, situação bastante comum a grande maioria dos novos adultos.
Pouco depois veio o “19″, que me deu um nó no estômago e fez sentir totalmente conectada àquela figura de riso estridente, boca suja e uma voz angelical.
Acho que uma das coisas mais freqüentes que escutei de fãs da Adele por aqui foi: “eu sei que vai soar bobo, mas acho que eu e a Adele poderíamos ser amigas!” E sim, soa bobo, mas é uma sensação que, mesmo que secretamente, todos os fãs tem. Nas entrevistas que vemos por aí, Adele conta que faz as letras contando sua história e de uma forma com que as pessoas possam se identificar. BINGO.
Quando decidi vir para os EUA, uma das primeiras coisas que tentei descobrir foi os shows que teriam durante a minha estada e me surpreendi. É impressionante, todo mundo passa por aqui! Se você quiser, pode ir a pelo menos um show incrível por dia, sem exagero. Situação bem complicada para bolsos proletários! Mas o único show que comprei junto com a passagem foi o da Adele, antes mesmo do lançamento do “21″.
Me lembro claramente da primeira vez que ouvi “Rollin’ in the Deep”, a música da mudança, que me deu até um pouco de medo pela pegada pop e mega produção. Mas me fisgou completamente. E na mesma semana, vi a apresentação de “Someone Like You” no Jools Holland. Senti uma fraqueza nas pernas. Chorava compulsivamente sem entender o porquê. Que sensação absurda.
Não posso negar, esse show era um dos momentos pelos quais eu mais esperava. Quando ela cancelou a turnê inteira, um pedacinho do meu mundo quase caiu e fiquei verdadeiramente triste, porque inicialmente não falaram o motivo, porque eles nunca falaram se iam remarcar, porque ela é muito nova (tanto de idade quando de estrada) para a voz começar a falhar, porque eu estava contando os segundos. Sim, foi um pensamento semi-egoísta, eu, eu, eu, eu. Mas, no fundo, óbvio que só torcia para que melhorasse.
Por algum motivo, eu duvidava que remarcariam a tour, por isso parecia uma boba alegre quando recebi o e-mail falando que ela estava recuperada e que as novas datas seriam anunciadas em breve. Mas nesse meio tempo, comecei a ter uma pequena noção do que realmente estava acontecendo à minha volta. Adele era uma superstar. Todo mundo só falava nela. Famosos e anônimos declarando seu amor via Twitter, entrevistas, programas de tv, incontáveis versões de suas músicas. E ao mesmo tempo, quando via suas entrevistas, lembrava daquela menina do dente torto e boca suja do subúrbio londrino, um alívio para os olhos vê-la como uma pessoa normal e não como a maior celebridade da atualiadade. Kate Middle… quem?
E finalmente, depois de mais de 8 meses chegou a semana do show.
A essa altura, ela já tinha dois shows marcados em Los Angeles, a data original tinha trocado duas vezes de lugar para acomodar mais gente e, como esgotou em minutos, marcaram uma extra. Essa, no Greek Theatre, um incrível anfiteatro num vale no meio do Griffith Park, uma das venues mais bonitas da California, arrisco dizer. E aí vamos nós, em plena segunda-feira.
O Greek tem lugar marcado para 5.801 pessoas sentadas e um pit na frente do palco para umas 300 em pé. O clima de lá é incrível. A sensação é que todos falam um tom abaixo do normal, para respeitar o barulho de floresta das redondezas. Como era lugar marcado, as pessoas não tinham muita pressa em chegar. O horário do ingresso era 19:30 e os portões abriram às 17:30 para as poucas dezenas de pessoas que já estavam por ali. Aos poucos, o público foi tomando forma. Mulheres e gays e alguns namorados e maridos, com seus 25 anos em diante foram enchendo a área do bar da casa de shows, antes de tomarem seus assentos.
Na verdade, pela comodidade do Greek, a platéia custou a lotar e já era quase 20h quando Wanda Jackson subiu ao palco e a maioria ainda estava na área de bar. Com seus 73 anos, Wanda Jackson tem energia de sobra e carrega feliz o posto de “First Lady of Rockabilly and America’s first female Rock and Roll singer”.
Infelizmente, a maioria das pessoas não presta muita atenção em bandas de abertura e não sei se é um smart move apresentar as músicas pelo ano que foram escritas, para um público que ainda não era nascido quando isso aconteceu. “1955: essa música, eu escrevi e gravei quando estava em turnê com o Johnny Cash”. E isso se repetiu algumas vezes. Mas a velhinha manda muito bem e conseguiu animar o pessoal com um cover de “Heartbreak Hotel” do amigo Elvis, com quem contou ter tido um caso, algumas músicas de seu disco com Jack White lançado no começo desse ano, e ganhou a galera de vez quando cantou “You Know I’m No Good”, de Amy Winehouse, que teve até dedo na boca no final. Sim. Igualmente talentosa e uma atração à parte no show de Wanda era a banda que a acompanhava, The Dusty 45′s, liderada pelo talentosíssimo Billy Joe Huels, nas guitarras e trompete. Vale conferir!
E ao fim do show, Wanda Jackson nos deu um aviso: “You are going to be royally entertained, you really will be”.
Fade out. Luzes voltam a se acender e começa a contagem regressiva definitiva.
Numa noite cheia de estrelas, tanto no céu celebrando o fim do verão, quanto na platéia - Christina Aguilera, o elenco inteiro de Glee, o de Grey’s Anatomy, Robert “Twilight” Pattinson e outras dezenas de atores hollywoodianos, cantores, jornalistas e atletas se misturavam aos demais milhares de babões sorridentes que esperavam ansiosamente pela estrela maior da noite e a única que realmente importava: Srta. Adkins. E como a estrela maior que era, ela brilhou.
Após uma rápida pausa para troca de palco, todos tomaram seus lugares e as luzes diminuíram.
Eu não podia acreditar que aquela hora finalmente tinha chegado.
E com os primeiros acordes de “Hometown Glory”, luzes ainda apagadas e só o pianista Miles Robertson no palco, começava o show. Wanda Jackson bem que avisou, mas não havia como preparar uma platéia para o show que estava por vir.
Com um carisma raro aos ingleses, Adele ganhou a platéia ao cantar a primeira nota, antes mesmo de entrar no palco. Na verdade, a platéia já estava ganha. Acho que hoje é raro encontrar um público difícil para Adele. Mas ela em nenhum momento se acomodou por isso. E, com uma mistura de simpatia, honestidade, emoção e muito charme, nos fez viajar longe, horas que tornavam fácil resgatar aquele momento pessoal de coração partido de cada um e outras, que nos fazia rir alto com histórias de como ela, com seu medo de avião, pode ter uma mãe cujo novo hobby é paragliding.
A verdade é que Adele cresceu, virou uma estrela, mas não perdeu a naturalidade de gente como a gente e a capacidade de rir de si mesma que só os grandes têm, proporcionando para todos ali presentes uma noite memorável e deliciosa. Ela falou que se sentia em casa na Califórnia, onde alguns dos assuntos sobre os quais ela cantava tinham acontecido e muitas das letras tinham sido escritas.
Nessa noite, cantou 3 covers. Os 3 que gravou, “If It Hadn’t Been for Love” do Steeldrivers, “Lovesong” do The Cure e “Make You Feel My Love”, do Bob Dylan, que ofereceu à memoria de Amy Winehouse, dizendo que nunca estaria tocando uma noite sold-out no Greek se não fosse por Amy e pedindo para que todos acendêssemos isqueiros, celulares e câmeras.
No decorrer das 16 músicas que cantou naquela noite, foi contando as histórias das letras e de sua vida, conseguindo transformar um show de mais de 6 mil pessoas num momento quase íntimo. E nos levou com tal leveza pela noite que não era difícil ver lágrimas rolando silenciosamente na platéia. Eu até que aguentei bem e em alguns momentos me pegava pensando, “ainda bem que vou ver esse show de novo”, e isso de certa forma me confortava. Até o momento que ela disse que “para adicionar o fator dramático à noite, iria mentir que era a última música, sair e voltar pra cantar mais duas.” E voltou, dizendo que tem uma mania de querer complicar as coisas e que acha que o motivo pelo qual essa música deu tão certo é o fato de ser tão simples, nos deixando com uma das canções mais lindas dos últimos tempos, “Someone Like You”, e tornando completamente impossível segurar as lágrimas e a vontade de cantar alto, super incentivada pela mesma, somente para em seguida fechar a noite com a música que a colocou no topo do mundo, “Rollin’ in the Deep”, e convidando todos a cantarem junto. Convite aceito, e a platéia que acompanhou atentamente o set inteiro se jogou no refrão perfeito. E chegava ao fim aquela incrível experiência.
Um dia pra absorver e entender o que tinha acontecido e seguir rumo ao show número 2 e, até então, meu último.
O segundo show foi o primeiro de todos a ser marcado, inicialmente era no Wiltern, uma casa de shows classuda e histórica, com uma cara de teatro antigo e bem pequena. Mas, pouco depois do lançamento do “21″, o show foi transferido para o Hollywood Palladium, casa repleta de histórias construída em 1940 (Frank Sinatra cantou na inauguração!), em plena Sunset Boulevard, com capacidade para pouco mais de 6 mil pessoas depois da reforma. 4.500 dessas na pista e as demais em varandas. Não é o melhor dos lugares para se ver show, fato. A pista é gigantesca e o palco pequeno, mas a acústica é excelente.
Como nesse show eu ficaria na pista, resolvi chegar cedo para pegar num bom lugar. Os portões estavam marcados para abrir às 19 horas, então achei que estava super adiantada quando cheguei no Palladium por volta das 2 da tarde. Mal podia imaginar que as pessoas chegariam durante a madrugada com cadeiras e guarda-sóis - já que em Hollywood faz Sol três quartos do dia. O público era mais uma vez composto de mulheres e gays, mas diferente do Greek, bem mais novo. Enquanto esperava pela abertura dos portões, mais de uma vez me imaginei indo assistir a um show do Jonas Brothers ou Justin Bieber. Pessoas cantando na fila, camisetas personalizadas e cartazes. Pois é. Marcas de energético distribuíam produtos e um carrinho de sanduíches tirava o lucro do ano por ali. E, como no primeiro show, os cambistas na porta tentavam comprar ingressos em vez de vender. O ingresso valia ouro (ofereciam mais de 500 dólares na fila), mas ninguém queria vender.
Os portões abriram com quase meia hora de atraso e as pessoas, depois de passarem o dia esperando no sol, corriam com cotovelos a postos, para ficar mais próximas ao palco. Eu dei a sorte de conseguir ficar bem na frente, mas ainda estava tentando processar o que estava acontecendo. Adolescentes gritando? Gente se empurrando? Adelemania!
Durante a tarde, tive a oportunidade de conversar com Taz, o motorista do ônibus da Adele que, na tour passada, a apresentou à música country. Taz é a imagem estereotipada de um americando do interior: um grande bigode loiro, barrigão e fala mansa. Ele é fã declarado da cantora, que diz ser a pessoa mais legal e “the best in the business”. Sentado comigo na calçada perto do ônibus, olhava desconfiado para o grupo de paparazzis que se amontoava na porta do backstage e deu um pulo quando um deles tentou tirar fotos da janela do ônibus, protegendo ferozmente a privacidade da cantora e comentando na seqüência “Ms. Adele doesn’t like these people”. Algum tempo antes disso, ela tinha descido do ônibus cercada de gente, com um óculos escuro e um grande chapéu preto e corrido para dentro da casa de shows. O pequeno grupo de fãs que a esperava por ali estava decepcionado com a ausência de um aceno sequer, mas o engraçado é que eles a defendiam de si mesmos.
Quando uma menina pegou na ferida, falando que Adele estava passando muito tempo nos EUA e que tinha que voltar para a Inglaterra para não se deixar corromper, todos intervieram dizendo que não era isso, que não era culpa dela e que ela nunca ia mudar, e ai de quem dissesse o contrário. Adele tem esse efeito nas pessoas.
No fim daquele show de Oxford, Adele desceu do palco e foi beber com amigos e ficou sem graça ao ser abordada por algumas pessoas que queriam o endereço do MySpace que ela tinha comentado no show.
Muita coisa aconteceu da época em que ela ainda estava “Chasing Pavements” para seu momento “Rollin’ in the Deep”, com o perdão da expressão, e deve ser igualmente interessante e assustador crescer diante dos olhos do público, como pessoa, como artista, como celebridade. Naquela época, Adele tinha um tecladista e um guitarrista e surpreendia a todos quando começava a cantar e contar suas histórias. Hoje, ela surpreende pela postura madura, pelo estilo de se vestir e pela espontaneidade tanto quanto pela voz, letra e melodias. Tem uma banda de 5 pessoas, 2 backing vocals e um entourage de 3 ônibus e 1 caminhão. Viaja pela Europa e Estados Unidos com turnês esgotadas em minutos e tem o mundo a seus pés. Mas, quando ela sobe no palco, fica fácil esquecer tudo isso. É só ela dar a primeira de suas famosas gargalhadas que dobra qualquer um e o transporta para seu mundo. Ela hipnotiza a platéia com facilidade ímpar e assim conduziu seu segundo show. Tenho certeza de que os fãs-defensores-decepcionados a perdoaram no momento em que ela disse: “Hello, I’m Adele and I’m gonna sing you a few new songs as well as a few old ones.” Fatality.
O show é perfeito. Inclusive, se tivesse que fazer um review em vez de um relato, talvez fosse essa minha única crítica. O show é tão perfeito, que dá vontade de vê-la seguir alguns caminhos inesperados, correr alguns riscos. No show do Greek Theatre, ela comentou que pensou em fazer um cover do INXS no “21″ e o público a interrompeu pedindo uma palhinha. E, no show do Palladium, um grupo pedia incansavelmente “Melt My Heart To Stone”, mas ela preferiu não se aventurar, despistando o público que pedia INXS falando que talvez cantasse depois e respondendo ao grupo no Palldium que não gostava mais do rapaz para quem tinha escrito aquela música, e são esses momentos que tornariam os shows verdadeiramente únicos. Mas estaria reclamando de boca cheia. Acho que com o tempo ela vai se sentir mais e mais segura no palco e aproveitar melhor momentos como esses.
Como no show anterior, ela interagiu com a platéia a noite toda, leu todos os cartazes e diversas vezes pediu para que acendessem as luzes na platéia, para que ela pudesse ver o público. Se surpreendeu com “Chasing Pavements” dizendo que sempre temia que as pessoas não conhecessem a música e que, naquele show, foi a primeira vez que ouviu as pessoas cantarem do começo ao fim.
Mas o melhor estava por vir. No meio de “Someone Like You”, quando todos se preparavam psicologicamente para a última música, ela resolveu coroar a noite e, como quem não quer nada, DESCEU DO PALCO e foi para a pista, exatamente na minha frente, cantar o refrão com todo mundo. Eu, que já não tinha forças para mais nada, só sorri. Mal conseguia cantar junto com ela porque a voz não saía. Indescritível.
O setlist foi o mesmo do primeiro show, na mesma ordem:
- Hometown Glory
- I’ll Be Waiting
- Don’t You Remember
- Turning Tables
- Set Fire To The Rain
- If It Hadn’t Been For Love
- My Same
- Take It All
- Rumour Has It
- Right As Rain
- One & Only
- Lovesong
- Chasing Pavements
- Make You Feel My Love
- Someone Like You
- Rolling In The Deep
Uma coisa bacana foi que os 3 shows que tive o privilégio de assistir foram completamente diferentes um do outro.
O show do Palladium era um show de muvuca, galera histérica, fanáticos. Ela desceu do palco.
O show do Greek, era um show mais comportado, charmoso. Cheio de convidados para verem e serem vistos.
Mas eu não tinha a menor idéia de como seria um show da Adele em Vegas.
O show de Vegas só foi agendado quando remarcaram a tour, depois que ela se curou da laringite. Nos últimos anos, quando se pensa em Vegas, acredito que para quase todo mundo venha uma associação imediata ao filme “The Hangover”, que não tem nada a ver com a Adele - musicalmente falando. Eu não tinha me programado pra ir pra lá, mas parece que às vezes o universo conspira. Brega, eu sei, mas foi a única explicação que encontrei. Na quinta falei com uns amigos que estavam indo pra lá e decidi ir na madrugada de quinta pra sexta. Sexta, às nove da manhã, estava no avião. Vou poupá-los de descrições detalhadas do nível alcoólico de sexta e pular pra sábado, dia do show.
Por uma das maiores coincidências que passei desde que cheguei nos Estados Unidos, ficamos no mesmo hotel onde aconteceria o show - The Cosmopolitan Las Vegas - e meus amigos resolveram ver o show da banda Death Cab For Cutie que seria no mesmo horário, mas na piscina do hotel. Eu hei de admitir que Death Cab na piscina me ganharia, se fosse qualquer outro dia. Mas não abriria mão de um show da Adele nem por um striptease do Gerald Butler.
Em Vegas foi tudo diferente. Os ingressos eram muito mais caros (U$34 no Palladium, U$58 no Greek, U$97.50 em Vegas), o lugar do show menor que os outros, a entrada era só para maiores de 21 e a platéia a mais legal de todas, parecia um grande grupo de conhecidos, cantando todas as músicas num volume que ainda deixava o destaque para a voz dela. Estavam alcoolicamente alegres, mas sem excessos.
Foi o show no qual Adele pareceu mais à vontade dos três, saudando a todos com a pergunta: “Are you all drunk? Yeah? That’s great! I wish I was too!”. Antes de “Don’t You Remember”, contou que naquela semana tinha conversado com o cara sobre quem escreveu o “21″ e feito as pazes, dizendo que estava especialmente emotiva porque sentia muito a falta dele. Suas expressões durante a música não a deixavam mentir. Contou que “Turning Tables” tinha surgido depois de uma briga com ele em NY, num restaurante de comida chinesa onde tinham literalmente virado as mesas e que por isso lembrou da expressão. Falou que uma das únicas músicas que é sobre outro cara no “21″ é “One and Only” e que esse cara se revelou o pior de todos, o mais cafajeste e que, se ninguém soubesse quem ela é, daria um soco na cara dele. Também disse que, apesar de não poder beber, tinha tomado uma taça de champagne na noite anterior, porque era Vegas. Mas que, enquanto ela foi para o quarto assistir Basketball Wives, a banda tinha caído na noite e haviam vários rumores circulando, dando a deixa para “Rumour Has It”… E assim passou pela noite, agradecendo ao público por dançar durante as músicas, deixando o show mais feliz, mesmo sabendo que todos estavam lá para sofrer junto com ela, disse em meio a gargalhadas. Ela se sentiu a vontade inclusive para tocar o cover de Bonnie Raitt “I Can’t Make You Love Me”, que fez algumas poucas vezes nessa tour e disse ser sua música preferida de todos os tempos.
Na platéia, pessoas do mundo inteiro acompanhavam todos os seus passos, histórias e canções e se deixavam levar pelo clima perfeito daquela noite. Na hora do bis, o canto em coro de “Someone Like You” arrepiava ainda mais do que nas outras noites, deixando claro que Adele tinha evangelizado mais alguns milhares de pessoas que foram embora com sorrisos de orelha a orelha.
Esse show comprovou o que todos sabemos: Adele é ainda melhor em pequenos shows.
Quando o show acabou, não sei o que me deu. Mesmo. Mas num hotel com uns 40 mil quartos, 3 espaços para show, 1 danceteria e 1 andar inteiro de casino decidi que ia encontrá-la. Falar com ela. Agradecer por me ter feito pensar e ser mais honesta comigo mesma em relação a muitas coisas. Por me fazer chorar, mas fazer minha alma sorrir. E foi o que eu fiz. Não sei como consegui.
Saí batendo perna, dei a volta no hotel procurando o ônibus do Taz, desviando de limosines, Hummers enormes e conversíveis vintage. Mas nada.
Quando já tinha me conformado que não ia rolar, cruzei com o Derrick, baterista dela, na recepção. E comecei a conversar com ele sobre música brasileira. E não lembro muito bem em qual contexto, mas ele disse que ninguém tinha ido embora ainda. Então, decidi tentar de novo e seguindo o fluxo contrário às pessoas no estacionamento, fui parar na lateral do hotel, onde só havia uma portinha bem escondida que dava acesso direto a um elevador e, do outro lado, aos ônibus. Ali também ficava o fumódromo dos funcionários, um quadradinho cercado por tapumes.
Quando consegui chegar na frente do ônibus, meu coração batia, estômago embrulhava e eu não tinha idéia do que iria falar se a encontrasse.
Na frente do ônibus, só uma moça que olhou para a minha cara de perdida e perguntou, num sotaque inglês pesadíssimo, se eu estava na equipe que estava trabalhando com eles. Só consegui dizer: “não, sou só uma fã, não quero atrapalhar”. Ela me respondeu, com uma expressão que na hora achei que era brava, mas agora digo que era impossível de ler: “Ok, mas você não pode ficar aqui. Tem que ficar ali”. E apontou o lugar em que estava o fumódromo. Aí fui pra lá. Dois caras e uma moça olharam pra mim e perguntaram se eu era funcionária do hotel. Quando disse que não, eles só sorriram. Naquele momento não tinha idéia do que ia acontecer.
Uns 5 minutos depois (ou menos) veio um segurança falando que todos que estavam por ali deviam entrar no fumódromo, um motorista que esperava alguém numa van ali ao lado deveria entrar no carro e fechar a janela, e a área tinha que ficar livre. Eu nem consegui falar, só disse “but… fan…”. Mas, antes mesmo de ele terminar de falar, ela saiu da portinha e eu desisti de tentar emitir qualquer som. A presença dela intimida totalmente. Ela é… (não consigo pensar em palavra melhor) Poderosa! Eu não sei explicar direito, mas acho que se a rainha da Inglaterra cruzasse o caminho dando piruetas de mãos dadas com a Madonna, ainda assim ninguém conseguiria tirar os olhos da Adele. É como se ela tivesse um ímã que puxa a gente. Ela de fato não é mais a menina do dente torto. É um mulherão, com rosto de porcelana. Pra vocês terem idéia, lembro que tinha gente com ela quando passou, mais de uma pessoa, mas não tenho a menor idéia de quantas pessoas eram, se era homem ou mulher, se era segurança ou gente normal, nada. Eu só lembro dela. Aí ela passou e o segurança ainda com o braço estendido na minha direção dizia algo do tipo “fique aí” e eu nem conseguia rebater, o que ia falar? E pensei por uns segundos, “cara, tão perto e tão longe”. Aí ouço uma voz: “Dave, that lady is ok!” Era a moça que tinha me dito para esperar ali do lado.
O segurança me pediu desculpa várias vezes, disse que não sabia, que só estava cumprindo ordens. Eu comecei a balbuciar “oh my God, oh my God, my God” e falei pra ele que super entendia, que não tinha o menor problema, aí voltei pro “oh my God.” Em seguida veio um outro segurança falar comigo já em outro tom. E, de novo, o irresistível sotaque inglês, me perguntando “how can I help you, love?”, e eu, que não tinha a menor idéia do que dizer, falei que só queria um autógrafo.
No show do Greek Theatre, soube que uma pessoa da equipe dela recolheu os CDs e fotos que as pessoas levaram para autografar e ela escreveu “dear fan, I’m sorry I couldn’t go out to meet you, love Adele”, então já estava feliz de tê-la visto e ainda ia sair com um autógrafo. Ótimo! Mas ele foi até o ônibus (a uns 5 metros de onde eu estava) e voltou perguntando se eu tinha uma câmera. Quando disse que sim, ele falou que eu podia ir até o ônibus que ela estava me esperando.
Senti uma fraqueza nas pernas, meu estômago embrulhou, eu tremia. Quando olho para a porta do ônibus ela está descendo os degraus com os braços abertos e me dá um mega abraço. Me faltam adjetivos para descrever esse momento.
Fiquei uns 10 minutos conversando com ela, sentada nos degraus do ônibus. Ela falou da saudade que sente do cigarro e que estava amarga por causa disso, falou que tudo ainda era demais pra ela e que ficava feliz em encontrar pessoas que a viram no começo da carreira, porque a faz lembrar do onde veio.
Eu tinha na bolsa um cd de música brasileira (Tom Jobim, João Gilberto, Gal e etc) que acabou ficando com ela, que disse que ninguém nunca dava música pra ela e que adorava ouvir coisas diferentes.
E, ao mesmo tempo que pareceu uma eternidade, os 10 minutos passaram num piscar de olhos e o segurança número 2 veio falar que já tinham terminado de carregar as coisas. Daí ela desceu, me deu uma sacola do merchandising com o perfil do Louie (cachorro salsicha dela) autografada, tiramos uma foto, me deu outro abraço que foi quando agradeci e disse tudo que tinha pra dizer e fui embora completamente descrente, ainda com lágrimas nos olhos.
Voltando para o hotel, cruzei a moça que me pediu pra esperar a caminho do ônibus. Ela me deu um sorriso enorme, um abraço e perguntou se tinha valido a pena.
E encerro esse relato com a resposta que dei pra ela: valeu cada segundo.
Nathali Lima
Nathali Lima é… uma cidadã do mundo, viciada em cultura pop, atualmente espalhando um pouco do pozinho tupiniquim na terra do Tio Sam.
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