Otimismo que transforma

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 28 de maio de 2012

“Quando você se vê como catador de lixo, você se vê como lixo. A gente é catador de material reciclável.” À primeira vista, esta afirmação pode soar como um eufemismo politicamente correto, mas quando ouvi Tião Santos, presidente da Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, falando sobre o que significa o lixo em nossas vidas, não há como contestar a importância de se fazer essa diferenciação. Afinal de contas, o lixo representa tudo que as pessoas descartam de suas vidas: desde resíduos materiais como alimentos que jazem esquecidos em geladeiras e armários, até fotos e cartas de ex-namorados. Basta imaginar o peso espiritual de se trabalhar diariamente com tudo que as pessoas que não desejam mais e que é considerado ruim. Não, definitivamente ser um catador de material reciclável não é um trabalho para fracos de espírito.

Tive o prazer de conhecer pessoalmente Tião em um evento organizado pelo Instituto Coca-Cola Brasil e pela DPZ, que reuniu colaboradores do Viva Positivamente, projeto no qual tenho o prazer de trabalhar junto com a equipe da Otagai. Tião, que ficou conhecido internacionalmente ao protagonizar o filme “Lixo Extraordinário” (indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2011), é um dos grandes responsáveis por transformar um aterro sanitário, localizado numa imensa área insalubre, em um polo de reciclagem que já emprega centenas de trabalhadores. E o fato dele ter mudado a sua visão de mundo após ler um exemplar de “O Príncipe”, de Maquiável, que encontrou no lixo, é um bom exemplo de que é possível encontrar coisas boas em meio a tudo que a sociedade costuma descartar.

Na segunda parte deste evento da Semana Otimismo Que Transforma, fomos até a Cidade de Deus conhecer de perto o Criando Arte, um projeto familiar que utiliza tiras trançadas de garrafas PET, pintadas com lápis de cera, para produzir artigos como bolsas, carteiras, pastas, pulseiras e chaveiros que podem ser adquiridos no site da Rede Asta.

A Criando Arte integra o programa Coletivo Coca-Cola, atualmente presente em 125 comunidades por todo o país, que são apoiadas com equipamentos e capacitação em gestão e design de produtos, visando o seu desenvolvimento socioeconômico. Karla Lopez, do blog Como Faz, fez um vídeo mostrando um pouco dos bastidores do evento e do trabalho dos artesãos da Criando Arte.

Embora os projetos apoiados pelo Instituto Coca-Cola Brasil ganhem maior visibilidade durante a Semana Otimismo Que Transforma (que há 5 anos doa parte de todos os produtos comercializados pela Coca, e que no ano passado arrecadou R$ 5,5 milhões), é bom destacar que eles promovem constantemente a integração social e econômica de mais de 200 cooperativas de reciclagem, transformando as histórias de gente como Tião dos Santos e Renê Silva, que mora no Morro do Alemão e é o criador e editor-chefe do jornal Voz das Comunidades. Renê e Tião viajarão nesta semana para Londres, junto com Eduarda Cavalcanti e Marcos André França da Silva, por terem sido escolhidos pela Coca-Cola para conduzirem a tocha olímpica na Inglaterra, representando um novo Brasil com suas histórias de superação.

Viver positivamente é um ótimo lema, e eu gosto desta definição: “É enxergar o copo meio cheio e trabalhar para encher a outra metade”. :) Confira, pois, outros relatos do papo com Tião Santos e da visita à Cidade de Deus no Viva Positivamente.

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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