O que dizer?

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

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Os resultados apresentados pelas enquetes promovidas por sites como No Mínimo e O Globo não surpreendem. Não é possível ser racional diante de um assassinato escabroso como o do garoto de 6 anos de idade no Rio de Janeiro. Do mesmo modo, não surpreende ver que a Câmara dos Deputados deverá votar nesta semana 7 projetos na área da segurança pública. Essa mudança na pauta das votações já ocorreu em maio de 2006, quando o PCC promoveu diversos ataques na cidade de São Paulo, e no entanto nada de prático foi decidido, à semelhança do que (não) aconteceu quando outros crimes estarreceram o país, como nos casos da morte de Gabriela Prado Maia Ribeiro, da família de Bragança Paulista que morreu queimada ou do assassinato do casal Liana Friedenbach e Felipe Silva Caffé por um grupo liderado por um menor de idade. Na época em que este crime foi cometido, enquete feita pela Folha Online a respeito da redução da maioridade penal apresentou o seguinte resultado: 97% dos participantes defenderam que, sim, independentemente da idade, o acusados deveriam ser tratados como quaisquer outros presos.

As principais autoridades, sempre que inqueridas a respeito de casos como o do menino João Hélio, afirmam se opor à redução da maioridade penal. O presidente Lula afirmou que a solução para combater a violência está na consolidação da democracia e na oferta de educação e emprego a todos os jovens. A presidente do STF Ellen Gracie, o presidente do Senado Renan Calheiros e o presidente da CNBB Geraldo Majela, dentre outros, afirmam que a mudança da responsabilidade penal não fará com que a violência diminua. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, entende que não é no calor de um crime bárbaro que a sociedade deveria discutir questões como esta. Afirmou o ministro do STF Marco Aurélio de Mello: “Devemos, acima de tudo, combater as causas da delinqüência, não atuar apenas no campo da punição“.

Ok, todas estas são opiniões ponderadas e corretas; decididamente é imprescindível a implementação de uma política assistencial e educacional aos adolescentes a fim de combater as causas estruturais da criminalidade no Brasil. Mas… a anomia da sociedade e a incompetência do Estado servem como justificativas para relativizar estes atos bárbaros? Menores de idade que cometem tais atrocidades devem ser reintegrados ao convívio social após 3 anos internados em instituições inaptas para a recuperação de jovens? Pena de morte resolve? Promover passeatas, coletar assinaturas via Internet, publicar este post têm alguma serventia?

Charge de Haeckel Ferreira, do site Mente Insana.

Os dias passarão, e seguiremos com nossas vidas. Neste momento, nada mais posso desejar aos meus semelhantes que não seja muita saúde e sorte a todos nós. E prosseguir com minha torcida para que o Mundo aí fora não esmoreça ilusões, não esmague projetos e, principalmente, não atinja aqueles que amamos com uma bala perdida, um pedaço de ônibus espacial na cabeça, uma metástase não diagnosticada a tempo ou uma agressão gratuita numa esquina qualquer, poupando da Dor tantas pessoas boas que, sem qualquer motivo minimamente aceitável ou explicável, são vitimadas pelas artimanhas irônicas do destino, esse filho da puta brincalhão que gosta de jogar dados com o acaso.

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

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Comentários do Blog

  • Renato Xavier

    O que dizer? É o título deste post…
    Vou então mirar no seguinte comentário, transcrito do post, sobre o que as autoridades falam acerca da redução da maioridade penal:
    “…  não é no calor de um crime bárbaro que a sociedade deveria discutir questões como esta…”
    O que dizer?
    Digo: Seguindo essa lógica, não há brecha, não há oportunidade de esperar pelo arrefecimento do calor de crimes bárbaros que acontecem, para só então, debaixo do dito refresco, discutir questões como essa! Me diga qual de cada um dos dias do ano não há um crime bárbaro cometido por um menor neste país? É ridícula essa lógica! Existem os crimes de repercussão nacional, os de repercussão gradativamente menor, mas os crimes EXISTEM SIM! Não há dia sem calor! Autoridades, arrumem outra disponibilidade em suas agendas para discussão desse tema sim, pois o ar quente não passa!

  • http://twitter.com/lcquadros Leo Cabral

    Quando recebi a notícia da morte do João Hélio, ainda não tinha filhos, logo minha percepções sobre o sentimento dos pais ainda eram superficiais e meu descontentamento era sobre a morte de um inocente em um ato covarde (ter uma arma apontada para a cara enquanto fazem o que querem com suas posses e entes queridos também é algo que poucos aqui já sentiram na pele pra poder opinar com alguma considerabilidade), um assalto a mão armada é um tipo de violência que não cicatriza dentro da gente. Passamos a viver com medo da própria sombra; morremos a metade. Hoje, como pai, puder imaginar até o limite do possível o que seria ver os restos do meu filho em uma mesa de necrotério surrado como uma boneca de pano, sem vida e futuro. Ou mesmo entrar em casa depois e ver um cotidiano que nunca mais vai se repetir; os risos que nunca serão ouvidos. E ter que empacotar os brinquedos e as roupas ainda perfumadas que nunca mais serão usadas. E ainda argumentam que nos deixamos levar pelas emoções… É muito mais fácil culpar “a sociedade”, “o sistema” ou o governo e vestir um argumento hipócrita e/ou pré fabricado. Muito fácil transformar a Paz em grife, usar mortos como garotos propaganda, vender pulseiras e fotografar-se posando entre estrelas quando não temos capacidade de abstrair o que as vítimas realmente sofrem e agir de verdade. Os jovens criminosos? Não acredito em arrependimento. O único lamento que acredito que tenham na mente é o de terem sido pegos. Com a oportunidade certa, eles fariam tudo de novo. São seres humanos, como eu e você. Eu tenho o que dizer: sou a favor da pena de morte por apenas um motivo inargumentável: o fim da reincidência. Se fosse um pai que passou por tudo isso, ficaria aliviado em saber que esses indivíduos nunca fariam algo parecido com o filho de outra pessoa.

  • http://www.cocagelada.net Coca Gelada

    Mais uma realidade triste do nosso país. A falta de uma política firme e severa só atrasa a nossa sociedade. Parabéns Inagaki, como sempre mais um ótimo texto.

  • http://www.havesometea.net/MadTeaParty/ DaniCast

    Eu fico assustada com a quantidade de pessoas que pede a pena de morte. Não acredito em Estado Executor. As análises e estatísticas nos países que tem pena de morte mostram que não resolve nada. Temos que melhorar a educação e a economia, porque somente pessoas civilizadas e que tem as necessidades básicas satisfeitas se tornam seres humanos melhores.

  • Pandora

    “Filho da puta brincalhão que gosta de jogar dados com o acaso”
    Mtoooo bom!

  • http://blogdazefa.blogspot.com Dona Zefa

    Para mim, o que aconteceu no Rio de Janeiro foi pura a simplesmente um homicídio. Quantas crianças morrem de fome ou assassinadas nas favelas e a gente nem liga? Quantos milhões de reais são desviados dos cofres públicos ou sonegados do fisco todos os anos e a gente nem discute se as leis sobre crimes tributários ou de responsabilidade deveriam ser alteradas?

  • http://www.uhbaby.blogspot.com lucila

    Eu até agora não consigo nem comentar o caso, nem nas rodas de cafezinho da empresa, nem em casa muito menos escrever a respeito, é muito difícil qdo se tem um filho da mesma idade, parei… o coração apertou de novo e os olhos….
    bjos

  • http://www.bardochico.blogspot.com/ Chic0

    Matar… Morrer… Dar a vida… Tirar uma vida… Sofrer um bombardeio… Vingar com um massacre…
    A História mostra que somos uma espécie sanguinária!
    Sou a favor de permitir à vítima escolher a vingança, mas sabendo do preço que pagará por seu ato e que esteja disposta a pagar por tal capricho.
    Acho injusto e desumano executar uma pessoa por pior que seja… pois a falha de um demonstra a falha da sociedade.
    É fácil esconder a sujeira, jogando-a no lixo… ou colocando-a na cadeia. Mas, cadeias não seguram para sempre. Então, que fazer? Nada se faz!!! E esse é o grande pecado! Ninguém faz nada para mostrar o que é errado e jamais deve ser feito.
    Como se deuses existissem e viessem a consertar o mundo… Estamos por conta própria e deveríamos ao menos tentar consertar as merdas que fazemos e deixamos acontecer…

  • http://cabecademaracana.zip.net Rosa

    Então, caríssimo, essa história de pena de morte é uma coisa tão absurda que nem sei por onde começar. Mas sou contra.
    Queria lembrar que tragédias acontecem sempre, mas às vezes a vítima é um inocente muito inocente e isso nos sensibiliza mais. Não consigo imaginar a dor desses pais, dessa família, e entendo que eles queiram sangue, eu também quero um pouco de sangue, mas não admito que o estado legitime um assassinato. Esses criminosos são fruto de nossa sociedade. Se tivesse uma chance a mãe do menino teria dirigido por quinze quilômetros arrastando o “de menor” e estaríamos dizendo coisas bem diferentes. Morei no Rio durante anos, conheço muito bem São Paulo e sou de Recife.
    nós ignoramos as pessoas. Nós fingimos que não vemos a menina de quinze anos administrando cinco crianças pra recolher esmola no farol. A gente finge que não sabe que tem uma enorme quantidade de crianças pedindo comida nos bares. A gente fecha a janela do carro rapidinho quando eles chegam junto, a gente finge que não ouve quando eles falam com a gente e fica olhando pra frente como se eles fossem invisíveis. A gente, como sociedade, ignora essas crianças. Aí elas crescem com ódio da gente. Elas tem raiva e com toda razão. Então o que fazer quando finalmente uma dessas crianças cresce um pouco e ignora totalmente a gente? A gente mata?
    Em vez de ficar querendo sangue todo mundo devia olhar um pouquinho pro próprio rabo por que na verdade certas coisas não são possíveis de solucionar “no calor da tragédia”. e certas tragédias são anunciadas. Claro que ninguém imaginava que fosse o João Helio, claro que ninguém sabia que seria assim, mas na verdade nossas cidades são uma afronta ao ser humano há muito tempo. Existe um apartheid real no Rio de Janeiro que as pessoas insistem em ignorar dizendo que é uma cidade onde “o morro convive com o asfalto”. Pois sim: o asfalto quer que o morro exploda e vice versa, saibam vocês.
    Algumas coisas precisam de muito mais tempo, dinheiro e esforço pra mudar e acho que essa situação é uma delas. E existe um caminho mais trabalhoso que ficar colocando bandido em cadeia, mas muito melhor, que é dizimar as oportunidades de se virar bandido. A gente faz isso com saneamento básico, escola, segurança, oportunidades de emprego, saúde, transporte público, todas essas coisinhas que a gente adora culpar o governo por que não funcionam mas não quer levantar um dedo pra fazer funcionar.
    Está na hora da sociedade civil parar de choramingar, se organizar e perceber que os ricos, os pobres e a classe média somos todos parte da mesma cidade e somos todos igualmente responsáveis por tudo que acontece nela.

  • Léo

    Na minha opinião deveriam fazer com estes criminosos o mesmo que aconteceu com o menino. Amarrar um de cada vez em um carro e arrastar por 7 Km. Quando o 1º for os outros ficam olhando o que acontece com o sujeito, depois vai o 2º e os outros olham… até sobrar um meliante, que com certeza, estará arrependido de ter feito o que fez… se a Lei fosse assim pra todos os crimes não estaríamos como estamos. Quem tira a vida de alguém, deve perder a sua também !

  • http://www.pedromrn.blog.uol.com.br pedro

    Fato lamentável a morte desse menino do jeito que foi. Fato lamentável pensar que pena de morte resolve-ria esse tipo de comportamento humano. Ou brasileiro.

  • http://www.amar-ela.com Daniela Mann

    O crime que vitimou o menino João Hélio, deixou-me chocada e entristecida. Foi de facto uma morte horrivel, sem palavras! Porém, não creio que a pena de morte seja o castigo maior, embora esse seja o primeiro instinto a falar e se o joão Hélio fosse meu filho, talvez também desejasse a morte dos criminosos! Mas quem lida com a morte de uma maneira tão fria e cruel, não entenderá a morte como uma coisa assim tão grave. A prisão perpétua é um castigo enorme! Por lhes tirar a liberdade, por tudo o que vão sofrer na cadeia e porque no fundo é uma forma de pena de morte, na medida em que impede o individuo de actuar na sociedade para todo o sempre. Será um número atrás das grades para o resto da vida e muitas vezes são eles que se suicidam porque entretanto enlouquecem. Agora que há uma necessidade urgente de reeducação do povo para mudar mentalidade, isso há. Os jovens têm que perceber o significado de compromisso, respeito e disciplina, para terem capacidade de serem cidadão úteis e não se transformarem em parasitas!
    Abraços Alexandre

  • http://helena-depois.blogspot.com Helena

    Muito bom o texto. Alias, como tanto outros que você escreveu. Sobre as estatisticas, o que me surpreende sempre é o numero de pessoas que acham que a pena de morte é uma solução. No Brasil, jah tem pena de morte, a mais eficaz e rapida de todas, sem julgamento, sem burocracia e a violência, e a violência.

  • Francis

    Belo post!

  • http://josealbertofarias.blogspot.com José Alberto Farias

    Confesso que, de tão indignado e triste, não consegui escrever nada a respeito. Tanta crueldade e insensibilidade nos remete a uma reavaliação daquilo que compreendemos como ser humano.

  • http://www.bomfinado.blogspot.com Lauro Bonfim

    Prezado Alexandre, gostaria de pedir sua ajuda pra divulgar o abaixo-assinado pela revisão do ECA e do Código Penal brasileiro. O link direto para a petição é http://www.petitiononline.com/derby71/petition.html
    Agradeço desde já. Abraços!
    Lauro, o texto dessa petição, além mal redigido, não expressa minha opinião. De qualquer modo deixo o link aqui, no espaço de comentários, para quem desejar participar desse abaixo-assinado.

  • http://www.crisdias.com/ Cristiano Dias

    Ninguém quer diminuir a criminalidade ao acabar com a maioridade legal.
    O povo quer é sangue.

  • Paty

    Li no blog da Cora e trancrevo aqui:
    “Não consigo falar no caso desse pobre garotinho arrastado pelos bandidos.
    Não dá, simplesmente não dá.
    Mas também não dá para ouvir tanta gente dizendo besteira na televisão! Um caso desses não é conseqüência da impunidade generalizada. Quando não há punição as pessoas roubam mais, assaltam mais, eventualmente matam mais — mas não é a falta de punição que gera monstros como os que arrastaram o menino, como os que tocaram fogo nos ônibus com os passageiros dentro, comos os que queimaram o índio em Brasília ou como tantos outros em que já não se vê sequer o mínimo vestígio de humanidade.
    A prisão para essas criaturas é menos uma punição do que uma garantia de segurança para a população. Não pode ser calculada em três ou trinta anos; é caso de trancar e jogar a chave fora.
    Uma sociedade que paga a peso de ouro um judiciário que se dispõe a soltar assassinos dessa natureza é uma sociedade suicida.”

  • http://www.gugaalayon.blogspot.com gugala

    A charge do Angeli na Folha anteontem sobre a redução da maioridade penal sintetiza exatamente o que penso sobre a questão. Supunhetemos que reduza-se tal maioridade para 14 anos. Tudo bem. Daí vem um garoto de 13 crackeado até a alma e resolve malhar Judas tb. Abaixa-se, então, para 10 anos? Complicado.
    abç

  • http://primeiras_impressoes.zip.net Beatriz

    É muito bonito dizer que se precisa atuar na prevenção da criminalidade, tomar posição contrária à diminuição da maioridade penal e, no fim das contas, entre um discurso e outro, não fazer nada. Por mais que concorde com a idéia de que medidas preventivas são necessárias, elas só surtirão efeito a longo prazo… E a situação hoje é de emergência, infelizmente muitos criminosos estão além de qualquer esperança de salvação… Medidas no campo da punição também são necessárias sim!

  • http://bion.blogspot.com Bion

    Prezado Ina;
    Nessa hora que a opnião pública clama por justiça nada parece razoável…

  • http://www.eddcaulfield.wordpress.com Ed

    É triste ter que dizer que, com o passar do tempo, meu sentimento a este país se resuma a uma palavra: vergonha. As pesquisas de opinião que são realizadas têm que valor mesmo? Não deveriam servir como indicadores dos desejos e anseios de uma sociedade tão oprimida? Vejo que o alcance da opinião pública vem sendo paulatinamente limitado. Este é um governo voltado para os próprios umbigos. Uma vergonha.

  • MArgot Abirato

    A questão da maioridade criminal é discussão de longa data. Nosso código penal necessita de uma revisão geral e nãoé de hoje. Fizeram alguma pequenas aberrações desaparecerem, mas ainda não tocaram no âmago das questões. Eu concordo que a solução para a violência generalizada não está em incrementar ou aumentar a punição, mas sim no acesso a todos à educação e trabalho. No entanto, eu acho que o que dá a sensação de seguridade social é a certeza de que haja uma pena correspondente que possa ser aplicável a quem comete crimes (bárbaros ou não). Não sou e não serei a favor da pena de morte, e acho também que promover esse tipo de enquete sob o fogo cruzado de um caso polêmico é somente uma estratégia da mídia para fomentar o fogo por mais tempo. Mas, há que se convir, esse sentimento de insegurança e impunidade acaba até mesmo com o ânimo de gente como vc, Ina, que promove o discurso político, é eleitor consciente e acha que esse país pode ter um jeito se cada um fizer a sua parte. Talvez a minha distância física preserve esse meu lado, eu ainda quero acreditar no Brasil e sigo acreditando. Conto até mesmo com a possibilidade de um dia votlar a ter meus pés aí, e por isso, sigo com minha réstia de esperança. Tem jeito? Eu não sei? Esse monte de blablablá nessas horas ajuda? Talvez não muito. Mas ainda acho que devemos voltar a discutir questões para o bom funcionamento do nosso país: reforma dos nossos códigos, reforma previdenciária, crescimeento econômico, educação e saúde, e por aí vai. Pra frente é que se anda, mesmo quando somos confrontados com o pior dessa raça nossa.

  • http://www.gardenal.org/lounge Lia

    Peraí, peraí, hoje eu vi no telejornal a proposta de nosso novo governador de que, em caso de crimes bárbaros - como esse e outros que vêm sendo cometidos nos últios tempos - independente da idade, o criminoso deve julgado como maior de idade.
    Um dos responsáveis pelo roubo do carro + assassinato do garoto já tinha umas cinco passagens pela polícia - quando era menor de idade. Nota-se que a reabilitação e reintegração à sociedade, pelo menos aqui no RJ, não adianta mais.
    E agora? Como isso se resolve? Juro que não faço idéia, com pena de morte não é, mas não consigo pensar numa sugestão minimamente eficaz. Melhora na educação e empregos é a mais razoável, mas ainda assim, quanto tempo isso leva?

  • http://attu.typepad.com/universo_anarquico/ tina oiticica harris

    Não sei se os ocupantes do carro estavam de posse de suas faculdades mentais. A mãe do meu marido foi arrastada viva por 600 m por um carro dirigido por um bêbado. Ela tinha 27 anos e meu marido 7. O bêbado vive .
    Li em um blog que a pena de morte é inconstitucional no Brasil. Aqui nos EUA vários estados têm pena de morte. Ontem li que as autoridades de Los Angeles querem apertar o cerco às gangues. Quantas vezes já li notícia parecida?
    Dá vontade de dizer: -Joga fora e faz outro. — Mas não é isso. Também não sei o que é. Os guris de 9 e 10 anos que mataram um outro de dois anos nos trilhos em Liverpool foram soltos.
    Aqui dizemos que sem justiça não há paz. Haverá paz mesmo com justiça?

  • http://escritxos.blogspot.com daniel

    puxa, o que dizer….
    é apenas mais uma resposta emotiva de uma classe média que se sente impotente.
    ao invés de pressionar o Estado e seus deputados eleitos (será que eles lembram em quem votaram???) para melhorar a educação e as condições de vida do povo,
    preferem o caminho árabe-israelense: a vingança!
    e vamos nós!

  • Jacques Lincoln

    Acredito que a maioridade penal não é defendida pelos politicos tupiniquins apenas porque o Brasil nao teria presidios suficientes para enjaular todos os menores que praticam crimes ediondos como temos visto acontecer.

  • http://www.danielaraujo.net Daniel

    Há pouco tempo rolou uma história que talvez tenha me chocado mais do que essa do menino, não por ser mais cruel (não era), mas por expor mais claramente como o ser humano é um bicho sedento de sangue.
    Foi o caso da moça suspeita de ter matado a própria filhinha com cocaína. Dos médicos que atenderam a criança até as companheiras de cela da mãe (que foi presa), todos foram unânimes em maltratar, fisicamente, cruelmente, a moça, para ela “pagar pelo que fez”. Depois de um tempo, ela foi solta, as perícias mostraram que ela não teve nada a ver com a morte da nenê. Sendo ela inocente, o que sobrou? Um bando de monstros que acabou com a vida dessa moça, depois de ela ter passado pelo maior dos traumas, que é perder um filho. Eram muito piores que ela, e se viam na posição de “moralizadores”.
    Parece que esses crimes horrendos engatilham nas pessoas o que elas têm de pior, e a distância entre os “cidadãos de bem” e o criminoso some rapidamente.
    O pessoal do governo está certo, essa grita popular pela diminuição da maioridade penal ou pela pena de morte é apenas uma espécie de sede de vingança se manifestando, e não podemos alimentar a espiral de violência.
    Vai aqui um link bacana, uma tabela da maioridade penal em vários países.

  • http://jccbalaperdida.blogspot.com JULIO CESAR CORRÊA

    Esse crime ter acontecido nas vésperas de um carnaval foi a pior coisa que poderia ter acontecido. Pois será esquecido mais rápido.
    A solução do problema da violência neste país obrigatoriamente passa pela questão do controle da natalidade, pois certamente os adolescentes que praticaram essa barbaridade eram filhos de pais que não tinham condições de ter um filho sequer. Filho é pra quem pode.
    gd ab

  • http://www.ignoranciaefogo.blogspot.com Felipe

    Tem razão.Nessas horas não se pensa racionalmente, as pessoas são levadas pela emoção, não tem jeito.
    Porém, por mais que as opiniões polidas e politicamente corretas das autoridades sejam irritantes em momentos assim, concordo com elas.
    Penso que esse pena de morte, redução da maioridade penal etc. são atitudes que visam apenas a satisfação do desejo de vingança, não resolvendo o problema real que é a falta de perspectiva que os jovens(eu sei do que estou falando, afinal ainda faço parte dessa maldita fase da juventude!) tem em relação ao futuro.
    Até.

  • http://rosebud-nyc.blogspot.com Andrea N.

    Eh muito triste isso, mesmo. A seguranca e o sistema penal no Brasil precisa mudar muito, precisa mudar TUDO. E os policiais precisam de mais treino, armas decentes e salario digno. Eh tanta coisa que precisa mudar. Mas eu, como vc quero que mudem as mentes, as mentalidades. Quero mais amor no coracao das pessoas. E pena de morte no Brasil eh loucura. Soh vai morrer pobre e inocente. Uma beijoca proce.

  • http://www.selph.blogspot.com Selph

    é, se for analisar na fonte sempre encontramos problemas na fabricação da peça e nem tanto na sua má utilização…

  • http://www.meuouvidonaoepenico.blogspot.com/ Adriano

    A diminuição da maioridade penal não resolveria o problema. Apenas téríamos cadeias mais lotadas de criminosos cada vez mais novos aprendendo lá dentro como ser um criminoso pior ainda…

  • http://bowl-of-oranges.blogspot.com/ Lori

    Mas o pior é que o Lula tá muito certo. No fundo todos nós (que não cometemos crimes bárbaros) gostamos de vingança, por mim mesma poderiam matar esse tipo de gente e mandar a conta da bala pra família. Mas a realidade é que isso seria injusto e tão brutal quanto as atitudes dos mesmos. Uma boa educação e oportunidades cortariam o mal pela raiz.

  • http://www.blogdododa.blogspot.com Doda

    também postei sobre o mesmo assunto hoje. aliás, nem sei porque postei, eu já não acredito mais em nada :/
    talvez o post seja um modo de dizer que apesar de não acreditar em um conserto da sociedade, eu até gostaria de pensar diferente.
    abraço, ina.

  • http://www.patriafc.blogspot.com Bruno Ribeiro

    Pena de morte não adianta. Primeiro porque é o reconhecimento da falência do Estado, que ao matar se iguala ao assassino. E segundo porque, no Brasil, só morreriam os pretos e os pobres, enquanto os grandes criminosos da alta classe continuariam circulando por aí, babando na gravata da impunidade.
    O que precisamos com urgência é de uma Reforma Judiciária que facilite a condenação de crimes hediondos como este do menino João. A Justiça no Brasil se ampara numa quantidade absurda de recursos. O cara mata uma criança de seis anos e um advogado canalha enche o rabo de dinheiro. Vai protelando o julgamento, adiando a condenação. E quando o cara vai em cana, logo arruma-se uma liminar, baseada num recurso, e o sujeito volta às ruas ou responde em liberdade.
    É crime hediondo? Ficou provado que houve a intenção de matar? Então que se leve ao julgamento e se condene o assassino à pena máxima. 30 anos de prisão não são poucos, desde que sejam cumpridos. O que não podemos mais é conviver com essa aceitação da impunidade, perpretada por essa justiça falha e corrupta.
    Tentei me manter longe desse caso. Não li detalhes da morte, não quero ler, não quero saber. Mas a gente acaba tendo de se informar, mesmo sem querer. Só posso dizer que estou arrasado. Desde então não tenho conseguido escrever nada no blog e o tenho mantido atualizado com textos antigos, de gaveta.
    PS - Cabe dizer também, Inagaki, que o menino João fosse preto e favelado, a repercussão na mídia não teria sido a mesma. E a revolta da sociedade também não. Pediríamos a pena de morte para um filho de papai que matasse um menino pobre? Quem pediu a pena de morte quando aqueles estudantes de Brasilia queimaram um índio?

  • debora

    Acho que não existe uma só resposta para tudo isso, ou talvez as respostas sejam as mesmas já ditas todas as vezes que paramos pra discutir questões sobre violência e barbárie: educação, infra estrutura básica para a população (e toda aquela coisa que a gente escuta durante o período eleitoral)
    Sobre reduzir a maioridade penal… não sei se esse é o caminho, teríamos crianças cada vez mais novas envolvidas com assassinatos e usadas pelo crime.
    Uma coisa é certa a nossa perplexidade tem que nos impulsionar para ações.

  • http://grandeabobora.com marcus

    Eu acredito na redução da maioridade penal, mas também concordo que educação e infraestrutura são capazes de reduzir os índices de violência do país.
    E pena de morte não resolve nada.
    De fato. Pena de morte em um sistema judicial tão falho como o brasileiro definitivamente não resolverá nada.

  • Renato K.

    Inagaki, eu não consigo pensar numa punição adequada para os perpetrantes, nem tampouco num consolo para os pais. Já chorei muito por causa dessa barbaridade; quem tem filhos, como é o meu caso, pode entender a emotividade que aflora nesses momentos.Dá vontade de sumir - do mundo, mesmo.
    Renato, não é à toa que encerro o segundo parágrafo com uma série de questões: não tenho respostas fechadas para tais perguntas. Ainda estou perplexo e estarrecido demais com o caso.

  • http://www.morroida.com.br Fabião Morróida

    E ae bugrino, blz? Deve tá duplamente triste, tanto pelo fato acima, como pela goleada do final de semana.
    Brincadeiras a parte, eu quando fiquei sabendo sobre o caso na semana passada, peguei minhas coisas, e fui embora do trabalho. Sério, o meu dia tinha se dado por acabado, o fato foi deplorável.
    Escrevi no meu site sobre o assunto, dá uma olhada, não é nem de perto o texto tão bem redigido como o seu, e é bem intolerante, lá dentro siga os links, tem algumas teorias minhas :D
    http://www.morroida.com.br/2007/02/09/a-favor-da-esterilizao-e-aborto/
    abraço!

  • http://luizgusmao.blogspot.com luizgusmao

    é a reflexão mais sensata, pertinente e sensível q já li. esse crime é hediondo, injustificável. mas tb é desalentador ver como as pessoas reagem com tanto rancor e medo. vejo isso em minha própria casa. não percebem q reações vingativas estão na raiz do mesmo mal e as iguala aos assassinos de uma criança.

  • http://catatau.blogsome.com catatau

    post super-polêmico.
    Mas concordo com o Lula, e a pesquisa que vc apresentou na imagem é flagrante: 4,01% acreditam que a pena prevista é a que deveria ser aplicada. O povo acredita que, precisamente pela justiça não ser eficiente, deveria ser aplicada a pena de morte. Mas… lembram-se que a pena de morte provém de uma crença da justiça ineficiente? Concordaríamos, agora, em aplicar uma pena de morte também ineficiente (imagine as injustiças a mais que virão…)?

  • http://devaneiosbyju.zip.net Juliana

    Muito curioso eu entrar aqui e ver exatamente o tema que tratei no meu blog, quase que no mesmo horário em que você postou. Há algum tempo eu não aparecia por aqui, e vim para divulgar uma campanha que deve interessar a todo mundo blogueiro. Vamos nos unir pela PAZ. Passe lá no meu blog e divulgue também, Ina!
    Abraços!

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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