BlaBlaCar, aplicativo de caronas de carro em longas distâncias, chegou ao Brasil

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 30 de novembro de 2015

“Vamos sair, mas não temos mais dinheiro/ Os meus amigos todos estão procurando emprego”. Estes versos de “Teatro dos Vampiros”, música que a Legião Urbana gravou em 1991, soam mais atuais do que nunca nestes tempos de crise econômica. Para enfrentar a falta de grana no bolso, é preciso buscar novas alternativas para diminuir custos e rachar despesas, e é neste cenário que chegou ao Brasil a BlaBlaCar, aplicativo de origem francesa com um conceito simples: conectar condutores com lugares vagos em seus carros a passageiros que forem para o mesmo destino.

As vantagens financeiras são evidentes, tanto para o dono de um carro que tiver lugares disponíveis em seu veículo, como para o viajante que estiver a fim de economizar alguns caraminguás na hora de botar o pé na estrada. O condutor que já tiver uma viagem programada compartilha no BlaBlaCar o ponto de partida e de chegada, o horário de saída e a quantidade disponível de vagas em seu carro, encontrando pessoas com as quais rachará suas despesas; e o passageiro, ao acessar a plataforma, escolhe com quem fará a viagem analisando informações como a avaliação do condutor, o carro que ele possui, o caminho que ele fará e até opções como a quantidade de amigos no Facebook e de contatos no LinkedIn, além de saber o quanto ele está disposto a conversar durante o trajeto.


Quem faz uma viagem de São Paulo para o Rio de Janeiro atualmente gasta de R$ 85 a R$ 182 adquirindo uma passagem de ônibus intermunicipal, ou de R$ 125 a R$ 500 caso vá de avião. Agora, possui também a alternativa de pegar uma carona via BlaBlaCar: de acordo com as viagens programadas já cadastradas no aplicativo, gastará entre R$ 50 a R$ 69 para ir de carro.

Em papo que tive na semana passada com Ricardo Leite, Country Manager do BlaBlaCar no país, comentei sobre a carona não ser um hábito tão difundido no Brasil quanto é na Europa, por motivos como a desconfiança com estranhos e o medo de assaltos. Ricardo comentou que já existem muitos grupos de carona, nos quais pessoas oferecem e solicitam vagas, tanto no Facebook quanto no WhatsApp.

Sobre o aspecto de segurança, além do BlaBlaCar manter uma equipe para verificar a autenticidade dos perfis, todos os usuários devem informar e-mail e telefone, além de poderem associar seus registros a suas contas no Facebook e LinkedIn (possibilitando tornar a viagem uma oportunidade de networking). Além disso, após as viagens tanto condutores quanto passageiros devem avaliar seus companheiros de jornada. Destaco também o fato de que muitas pessoas que usaram o BlaBlaCar em outros países, ao saberem do início de suas atividades no Brasil, fizeram questão de compartilhar suas experiências positivas na fanpage do aplicativo.

Bem-vindo, Brasil!

Olá, Hello, Bonjour, Ciao! A maior comunidade de compartilhamento de viagens do mundo dá boas vindas ao Brasil ! Sejam bem-vindos à BlaBlaCar! #blablacarbr

Posted by BlaBlaCar on Segunda, 30 de novembro de 2015


Do mesmo modo que o Uber tem sido combatido por taxistas e o setor hoteleiro tem se queixado do Airbnb, não estranharia se empresas que operam linhas intermunicipais de ônibus, como 1001, Cometa e Itapemirim, entrassem na Justiça tentando proibir o BlaBlaCar no Brasil. Na Espanha, por exemplo, a Federação Espanhola Empresarial de Transporte de Ônibus está tentando proibir o funcionamento do BlaBlaCar alegando que se trata de “concorrência desleal e ilegal”. Julien Lafouge, diretor-geral da empresa para a América Latina, afirmou não temer eventuais reações, dizendo que o BlaBlaCar apenas conecta pessoas interessadas em dividirem os custos de uma viagem, destacando que os condutores não podem ter lucro, devendo cobrar apenas o necessário para rachar as despesas com combustível e pedágios.

Lembrando que nesta semana o Governo Federal anunciou o corte de investimentos de R$ 1,6 bilhão no orçamento do Ministério das Cidades (que financia obras do metrô e de corredores de ônibus) e de R$ 1,4 bilhão do Ministério dos Transportes (responsável pelas obras em estradas, portos e aeroportos), qualquer iniciativa que ajude a diminuir a quantidade de veículos circulando em vias é mais do que bem-vinda neste momento atual para um país que já tem uma frota de 50 milhões de carros. E, além de obviamente ajudar a diminuir a quantidade de emissão de gases poluentes, vale lembrar que um carro compartilhado substitui cerca de 15 carros pessoais rodando por aí. Nada mal, não?

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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